quinta-feira, 3 de julho de 2008

Critica

M (1931) Fritz Lang


O Pai dos Serial Killers?

1931, é a data deste filme, 4 anos após o som, e numa altura onde linguagem de cinema ainda estava a ser inventada. Não surgiam todos os anos, thrillers criminais, não se refazia sempre a mesma coisa, e este é em muitos aspectos, dos primeiros do seu género, e há quem diga, o pai de dois géneros, o policial e serial killer. M é um assassino de crianças em Dusseldorf, que causa um crescente clima de tensão generalizado pela cidade. Cidade muito particularmente caracterizada pela instabilidade social, atmosfera decadente, pobre e atormentada. Todos procuram o assassino, a Policia, pressionada pela obtenção de resultados, o submundo do crime, incapaz de funcionar num estado policial e o cidadão comum, inseguro e acusatório. O enredo do filme é bom, próprio de um grande filme policial, e com todos os elementos necessários á criação do suspanse que o envolve. Os personagens são do melhor que se vê nesta altura, sem grande historial mas muito característicos e originais, e os desempenhos dos actores igualmente acima do que se via na altura, demonstrando também qualidade na direcção de actores do realizador. Não é tão exuberante e over-acted como normalmente os filmes eram nesta altura. Como o cinema ainda não tinha uma grande bagagem historial, normalmente era necessário mostrar demasiado as emoções para ser melhor compreendido. Mas o que surpreende mais neste filme é o facto de ser inventado linguagem narrativa, não só temática, que ainda hoje se vê no cinema. Filmes como Zodiac, Silencio dos Inocentes, ou até mesmo No Country for Old Men tiveram em M a base de todo um formalismo que hoje tão facilmente reconhecemos e aceitamos como norma. Por isto podemos considerar M um filme adulto numa altura onde o cinema ainda era adolescente. Fritz Lang é sem dúvida nenhuma um visionário do cinema, ele conseguiu imaginar uma história e soube como contá-la usando da melhor forma a câmara. Em 1931 usar planos de corte no movimento, travellings subjectivos do personagem (dos primeiros que me lembro de ver), narrativa em paralelo, acção fora de plano e diálogos por cima outro plano visual são métodos que hoje em dia são fáceis de usar e bastante vistos por muitos anos, mas Fritz Lang de certa forma ajudou a criar tudo isso. È como ter palavras, ter algo para dizer, e juntar tudo criando literatura, neste caso cinematográfica. Até um plano que hoje em dia é normal, como um personagem desaparecer com a passagem de um carro á frente da câmara acontece em M. Lang não só inventa linguagem como sabe como e quando usa-la e prova disso é a aproximação que ele faz da câmara sobre os seus personagens no momento perfeito, ele sabe a importância do timing na mente do espectador, e isto é saber como contar uma história. Quem se lembraria em 1931 de fazer um corte com um personagem num local a fazer um movimento com o braço para o mesmo movimento de outro personagem noutro local. M peca por vezes no ritmo de montagem que atrasa por vezes um plano ou outro, mas é pecado facilmente perdoado e esquecido pois não se esperaria que o filme fosse de rápido desenvolvimento, não que ele seja lento. A nível de temática, de destacar o clima sombrio, a complexidade da história a envolver o assassino, a policia, a máfia, e até uma organização de mendigos desempenha uma parte importante para o desenrolar da história e captura deste personagem altamente perturbado. M é representativo de uma sociedade moral, e a importância da sua captura é uma reflexão social sobre justiça. O personagem que até nem tem grande tempo de ecrã (embora todo o tempo que tenha seja brilhante), mas os elementos que o rodeiam é que contam esta história e dão uma imagem muito negra de um tempo na Alemanha onde valores éticos e morais começariam a ter grande importância e que marcariam o resto do século. Posso afirmar com toda a certeza que M não é o melhor filme que já vi, tanto menos o melhor thriller, mas é sim, das melhor lições de história do cinema que já tive, e que aqui é possível ver como se forma uma linguagem e bases para uma cultura que duram e continuaram a durar, não só para este género, por muito e muito tempo.

Melhor Ter sido feito em 1931
Pior Algumas personagens são muito fugazes



9 comentários:

Mil disse...

nunca vi..

Anónimo disse...

Nem nunca vou ver GOOD GOD!!
Filmes de 1931 so mesmo as propagandas da guerra dessa altura.

XD

Lex disse...

epa, em 31 não havia guerra, mas ok, compreendo o teu point of view

Anónimo disse...

Filmes com serial killers gosto do saw, se bem que não é tipico serial killer, é ainda mais doentio!

Mil disse...

Compreendo o Arcane.. em 1931 havia de haver guerra em algum lado..
Os Japoneses andavam em guerra no Pacífico.. mas mesmo que ele não se tivesse a referir a essa, em algum lado havia de haver qualquer coisa!
Nem que fosse uma escaramuça entre dois vizinhos em Figueiró de Baixo por causa das fronteiras dos terrenos!

Mil disse...

Já em relação aos filmes com Serial Killers eu gosto do: SE7EN!

ou noutro plano, do Silêncio dos Inocentes!

Mas, ok.. aceita-se o Saw, porque se preferissemos todos o mesmo, que seria do Gil Vicente?!!!

Lex disse...

Mil on fire...mas se n virmos filmes por causa da guerra tamos lixados.

Se7en
Silence of the Lambs
No Country for Old Men
Zodiac

Quem sabe se M n foi o primeiro, dai o ponto de interrogação no titulo

Mil disse...

yes..
me em brasa!!!

there ain't enough respect!

Lex disse...

Ja agora o primeiro filme de serial killers não foi com certeza, mas o primeiro no estilo do genero pode bem ter sido