sexta-feira, 18 de julho de 2008

Critica

The Aristocrats (2005) Paul Provenza

Em 2005 não tive oportunidade de ir ver ao cinema um documentário que se dizia irreverente, diferente, chocante e inovador. Mas foi através de um amigo tornar famoso o seu ódio pelo filme, que nunca o esqueci, e deixei-o na “gaveta” até uma oportunidade de ver e confirmar ou discordar. Pois Os Aristocratas não é certamente um filme fácil de se ver nem tão perto de achar consenso. Foi mal recebido pelo público e bem pela critica, e desta vez acabei por alinhar pelos últimos.
Antes de mais, a história. Não há! Cedo se percebe o formato que o documentário enverga assim como o seu conteúdo. Fazer um filme sobre uma piada antiga. Não parecendo tarefa fácil, o método de abordagem escolhido faz com que o filme se torne muito arriscado podendo facilmente para muitos se tornar abusivo e não resultar. Ora se for bem sucedido estamos perante um filme que conseguiu durante 90 minutos, sem se tornar enfadonho ou repetido, contar a mesma piada vezes sem conta. Mas se o nível de risco fosse apenas esse, seria apenas curioso. Ora o risco maior no filme consiste na piada. Pois não só é considerada não ter piada nenhuma, como a linguagem e tema da mesma são das coisas mais vis e nojentas a serem proferidas debaixo dos holofotes. O efeito de choque é grande e o risco aumenta. Se resultar com todos estes condicionalismos então será considerado no meio de comediantes, algo único.
O que nos é mostrado são dezenas de entrevistas de reconhecidos comediantes americanos a falarem descontraidamente sobre o tema, e o que o filme consegue fazer é dar-nos uma visão muito diferente e exclusiva sobre um tipo de mentalidade com que todos os eles se deparam pelo menos uma vez. Considerado um clássico por cómicos, a piada dos aristocratas é uma amostra do que cada comediante consegue fazer para lhe dar o seu toque e conta-la de uma forma diferente. Mostra-nos a importância da preparação a adorno da piada e minimiza o fim. E fica claro que neste submundo, a punchline é o menos importante e o conteúdo, estilo e escrita de que uma piada é composta é o que faz a diferença. É então um estudo sobre, estilo, género e limites do humor, e é precisamente isso que torna o filme tão dividido.
A abordagem escolhida também é significante. Foram certamente horas e horas de filmagens recolhidas para se aproveitar apenas uma pequena parte das entrevistas conseguidas, e foi tudo montado de uma forma que faz parecer quase com o frenesim de um comediante em palco. È tudo feito com muita descontracção, quase como uma conversa entre velhos amigos que partilham uma piada privada.
Este é daqueles casos que ou se gosta ou odeia. Quer do conteúdo, linguagem, mentalidade, formalismo, tudo é discutível, mas uma coisa é certa, caso veja este filme, por favor, não leve as crianças.

Melhor Apreciar diferentes formas de comédia
PiorNão voltarei a sentir-me limpo

1 comentário:

Mil disse...

aguardo o comment do "amigo" Ticius!