sexta-feira, 25 de julho de 2008

Critica

 
The Dark Night (2008) Christopher Nolan

O tão esperado Cavaleiro das Trevas chega finalmente, e com ele chega um conjunto de leis que irão ditar um subgénero do cinema em que os super-heróis reinam, pois nunca uma tão popular aventura foi tão dark, quanto esta de Batman contra Joker.
Tudo vale. Somente pelo enredo, este filme muda tudo. É pela beleza na desordem, na anarquia, que faz deste Batman um dos mais intensos, poderosos e sombrios filmes do género. Talvez só comparável com o Senhor dos Anéis. Neste segundo volume, é introduzido a personagem que faz a diferença. O Joker vem agitar as fundações do universo bat e dá-lhe o abanão necessário para que este se consiga transcender para outro nível. As forças motivadoras destes personagens serão todos postos em causa com a chegada deste vilão, que com a anarquia, define todos e põe-os no seu sítio. Harvey Dent, o cavaleiro branco de Gotham City que persegue sem medo todos os mafiosos da cidade, também entra com a importante função de estabelecer triângulos, amorosos e éticos. Rachel Dawes, agora noutra pele, é a fuga para a normalidade de Bruce Wayne. Alfred, James Gordon e Lucius Fox também regressam para não ter menos importância que no primeiro e ligar toda esta aventura, numa complexa miscelânea de acontecimentos, que a uma velocidade alucinante se desenvolvem e nos envolvem sempre em ritmo crescente desde o inicio até ao fim. Raramente se vê um filme que consiga ter a intensidade de um trailer, e The Dark Knight consegue-o não descurando nenhuma parte do guião.
Heath Ledger na sua última interpretação consegue superar qualquer expectativa que se teria dele, e fazer do Joker a personagem que todos queriam que fosse. Imprevisível, inesperado, niilista, bizarro e altamente dotado para o crime. Tão dotado que até consegue roubar toda e qualquer atenção dos outros personagens sempre que está em cena. A transformação para este famoso vilão é estonteante, e ainda mais se nos recordarmos dele em Brockback Mountain e considerarmos a diversidade e versatilidade do falecido actor. TDK não seria tão bom não fosse por ele.
Mas há méritos noutro lado. Christopher Nolan, ainda por realizar um filme mau, volta a fazer par com o irmão, tal como em Memento, e escrever este guião. E guião mesmo ao jeito dele, pois as voltas que dá e complexidade, são já características muito suas. Quanto á sua abordagem, foi uma de coragem e quer se goste do resultado ou não, há que ser admirado. A meu ver, a intensidade, e rapidez com que, e em especial depois da primeira hora de filme, o filme se desenrola é o seu ponto forte. Mas com o bom, e tal como na história, também vem o mau. O filme parece que não pára para respirar, chega a uma altura em que parece que se atingiu o clímax do filme, e depois segue-se algo ainda mais intenso, dá a sensação de estar sempre quase a acabar, o que é bom. Isto é conseguido de uma forma muito deliberada e a montagem tem um papel fundamental. Mas por outro lado isto resulta em que por vezes e em certas sequencias, Nolan descure um bocado o processo narrativo, e por vezes fica a sensação que faltaria ali um plano ou então que seria necessária prolongar outro. Se o filme tivesse mais períodos em que acalmasse e demorasse o seu tempo a progredir daria mais desenvolvimento ás personagens. Mais cenas como a do Joker com a cabeça fora da janela do carro a apreciar o vento na cara. Mas se se dedicasse mais nesse aspecto, possivelmente perderia essa tenção que tem, o que resulta num dilema de estilo e também de formalismo. Valerá a pena pecar num aspecto para brilhar noutro?
A preocupação de Nolan não está propriamente em aspectos narrativos, embora seja tudo perceptível, mas sim em coerência, profundidade, fidelidade á história. Ele sabe muito bem como usar a montagem para manipular o espectador, não de uma forma desonesta, mas sim de uma bem cuidada e meticulosa. Ele pensa em todos os momentos de percepção e usa-os contra nós para criar o efeito surpresa, ser imprevisível e acima de tudo criar tensão. E com a rapidez com que tudo acontece, quase nem temos tempo para pensar.
TDK acaba por ajudar na redefinição do género de super-heróis e faz para a saga aquilo que Empire Strikes Back fez para Star Wars. Anarquia aliada a um confronto intenso dos seus intervenientes que resulta na concepção de bom versus mal que define a sua essência. Não é o confronto final, mas é talvez algo melhor. É a compreensão das suas personagens e aquilo que os une e o que representam. E a forma como o consegue é simplesmente arrebatadora.

MelhorHeath Ledger e a intensidade do filme.
PiorContar demasiado na montagem para dar a sensação te intensidade.
 

6 comentários:

Anónimo disse...

Uma critica à medida do filme bravo.

Anónimo disse...

Sim mas não deixa de levar um 11.

Anónimo disse...

11?? isso sao 5 valores acima do permitido!!!

Mil disse...

n puseste a tua barra da classificação.

Lex disse...

dps ponho

AEA Produção disse...

Filme muito bem construido do ponto de vista politico-social da América. Daí o pleno realismo, afastando-se do Burlesco do Batman de Burton.
Actores intensos, acentes no interior.

Muito Bom

Cumps